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segunda-feira, 4 de março de 2013

Amar as pessoas a cima de tudo...

Meu corpo doe, meus sonhos foram perdidos de uma forma balela, meus ossos se destacam entre a minha fina e sensível pele esbranquiçada devido ao bloqueador solar. Sempre fui sagaz, papai sempre dizia que nunca me abandonaría, até  eu assumir a minha homossexualidade, eu havia completado 16 anos de idade quando assumi a minha opção sexual a todos, em um chata reunião de domingo em família. Minha mãe submissa a papai aceitou me mandar embora de casa, fiquei chocado, todos ficaram. Meu pai me jogou na rua sem nada, apenas com a roupa do corpo, nesse dia eu estava desolado, estava andando sem rumo pelo centro de  São Paulo. Andando sem rumo encontrei um grupo de rapazes, acho que ao toldo haviam 25 homens, me assustei. Me aproximei e vi que eram garotos de programa se preparando para "Curtir" a noite. Um deles me perguntou o que eu queria, fiquei em silêncio. Ele era o cafetão, me ofereceu emprego. na época foi proposto C$500,00 por programa, eu aceitei. Retirei a minha camisa coloquei presa no meu cinto, e fui até o "ponto" apareceu o primeiro cliente, a minha sorte foi que Fabio, um dos meus primeiros amigos me auxiliou em tudo. Esse cliente era bruto, aqueles "carinhas" que se fazem de machão, ele me ofereceu muita grana, eu aceitei. Mas como tudo na vida tem um preço, paguei caro pela a minha imaturidade de adolescente. Fui até um lugar estranho, esse cliente me agrediu e me violentou. Me levou novamente para o "ponto" todos os garotos se assustaram. Mas eu estava muito ruim, sangrava muito devido aos ferimentos superficiais, decidiram me levar para um alojamento, lá fiquei recebendo tratamento de um enfermeiro, ao passar dos dias me recuperei e voltei para as ruas, fiquei durante 2 anos, depois decidi parar, eu conquistei tudo, dois carros, um apartamento em Higienópolis. Fui voltar para casa, e oferecer o melhor a todos. Toquei a campainha quem atendeu foi minha irmã, ela me abraçou euforicamente, e me chamou para entrar, as condições estavam precárias, meu pai havia saído do emprego, meus irmãos não tinha idade para trabalhar, então só minha mãe trabalhava. Meu pai sentado no sofá, se emocionou quando me viu, mas o preconceito falou mais auto, e me agrediu, me jogou sobre um estante com prateleiras de vidros, os vidros perfuraram minha carne, fazendo com que meu sangue se misturasse com o do meu pai, as mãos de papai estavam todas cortadas com os cacos de vidros. Não aguentei tanta dor e desmaiei. Acordo sobre uma maca , e vários médicos me examinavam, depois de horas aparece um doutor, com um papel na mão, era o fim, apenas era o que eu pensava naquele momento. Ele me deu a notícia de que eu havia contraído HIV . Chorei, e ainda choro, minha doença se agravou de tal forma que eu não tenho possibilidades de sair do hospital devido à baixa imunidade. Hoje completa 1 ano e meio de tratamento, meu pai colheu o que ele plantou, ele contraiu a minha doença, após o sangue dele se misturar ao meu. O médico me deu 6 meses de vida, deixei tudo que conquistei para meus irmãos e para meus pais. Papai se arrependeu do que fez comigo e hoje veio até a mim pedir perdão, eu respondi o seguinte : " Pai, eu sempre te amei, não tenho magoa nenhuma, minhas escolhas não definem o que eu sou. Você está guardado para sempre em meu coração, faz 1 ano e meio que estou aqui, mas nunca passou pela minha cabeça a hipótese de desistir e morrer condenado, eu tenho esperanças de que amanhã eu acorde vivo, de que daqui seis meses eu esteja pegando mais uma previsão de vida, enquanto houver esperanças eu nunca vou desistir, hoje eu molho a minha face com lágrimas , e amanhã Deus Preenche a minha vida com bênçãos. Eu te amo " . Ele chorou, pela a primeira vez vejo meu pai chorar. No dia seguinte acordo com triste notícia de que ele irá ficar de observação devido aos desmaios causados pela fraqueza. Mas fiquei feliz porque ele pediu para ficar no mesmo quarto que o meu, ele disse que iria acompanhar minhas histórias, acompanhar a minha adolescência perdida. Ele está agora ao meu lado chorando, pois eu disse que ele é o meu orgulho. Amar as pessoas a cima de tudo...

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